Sexta-feira, 24 de Junho de 2011

Responder a uma coisa destas é como andar nu na rua, mas como pediste, toma lá.

 

1 - Existe um livro que lerias e relerias várias vezes?

The City and The Pillar, do Gore Vidal. A história é banal, a escrita simples, a arte é omnipresente. Enfim, um livro como eles devem ser.

 

2 - Existe algum livro que começaste a ler, paraste, recomeçaste, tentaste e tentaste e nunca conseguiste ler até ao fim?
Uma coisa do António Lobo Antunes, o Arquipélago da Insónia. Prometi-me não repetir.

 

3 - Se escolhesses um livro para ler para o resto da tua vida, qual seria ele?
Ainda não li nenhum que se adequasse à maldição.

 

4 - Que livro gostarias de ter lido mas que, por algum motivo, nunca leste?
A lista envergonha-me.

 

5- Que livro leste cuja 'cena final' jamais conseguiste esquecer?
Há algumas. A alma que vem a Blimunda, porque lhe pertence nunca me deixou a memória. Do lado alegre, a cena final d' A Troca do Lodge fez-me rir imenso.

 

6- Tinhas o hábito de ler quando eras criança? Se lias, qual era o tipo de leitura?
Pouquíssimo. A leitura foi uma descoberta tardia. Lia uma colecção de pequenos livros de História, com os quais contava aumentar muito a minha cultura e assim (História Horrível, da Europa-América), lia uma Bíblia infantil (ilustrada) e uns conjuntos de contos, com letras garrafais, que a madrinha, num gesto de bondade, ofereceu um dia. Nunca gostei do Harry Potter.

 

7. Qual o livro que achaste chato mas ainda assim leste até ao fim? Porquê?

Houve alguns. Há uns tempos sentia-me mal em largá-los, sentia que os traía (afinal, respeito-os). De há uns tempos para cá, estou-me a cagar.

 

8. Indica alguns dos teus livros preferidos.

O já referido The City and The Pillar, o Memorial do Convento, o Ensaio Sobre a Cegueira, O Primo Basílio, A Relíquia, o Murphy, o Watt, a Metamorfose, a Carta ao Pai, o Convite para uma Decapitação, o Lolita, a Pena Capital, o Manual de Prestidigitação. É, revisito demasiado os autores. Peregrinatio ad Loca Infecta, Silogismos da Amargura, Aulas de Literatura do Nabokov, The War Against Cliché. Enfim, falta-me ler imenso. 

 

9. Que livro estás a ler neste momento?
L'Étranger, do Albert Camus. A minha primeira experiência em francês.Tomem: «Mais il m'a coupé et m'a exhorté une dernière fois, dressé de toute sa hauteur, en me demandant si je croyais en Dieu. J'ai répondu que non. Il s'est assis avec indignation. Il m'a dit que c'était impossible, que tous les hommes croyaient en Dieu, même ceux qui détournaient de son visage. C'était là sa conviction et, s'il devait jamais en douter, sa vie n'aurait plus de sens. 'Voulez-vous, s'est-il exclamé, que ma vie n'ait pas de sens?' À mon avis, cela ne me regardait pas et je lui ai dit».

 

10. Indica dez amigos para o Meme Literário:
Deixem estar. As pessoas a quem perguntaria já responderam.



# Tiago Moreira Ramalho às 15:01 | | comentar | (2)

Sábado, 11 de Junho de 2011

Não somos capazes de suportar a ideia de que aqueles de quem mais gostamos são completos idiotas. É para nós inconcebível que quem recebe as nossas mais elevadas considerações possa ser uma besta. E por isso, deparados com as excessividades comportamentais próprias da bestialidade comum, adoptamos a postura parental ou fraternal de nos sentarmos à mesa e discutirmos muito freudianamente as raízes de tais acções. Formalizamos teses, atiramo-nos ao debate interior, tudo para justificar, ou pelo menos para encontrar uma motivação lógica e ‘humana’ para tamanhas alarvidades. A lição, no entanto, é muito simples: gostando ou não, é bem provável que os nossos mais-que-tudos sejam assholes irremediáveis. E dada a volatilidade destas mais-que-tudices, mais vale cortar os males pelas raízes.



# Tiago Moreira Ramalho às 10:37 | | comentar | (1)

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Tiago Moreira Ramalho

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