Num jornal diário português li uma manchete que, mais coisa, menos coisa, dizia assim: «Jaime Gama vai decidir se paga viagens a Inês de Medeiros». O primeiro impulso foi comprar uma revistinha qualquer e ver se havia molho amoroso das mais altas esferas do poder, mas depois regressei a mim e entendi que o jornal, pobrezinho, pensa apenas que o dinheiro com que as viagens de Inês de Medeiros iriam ser pagas é de Jaime Gama. Provavelmente os visados também pensam isso, pelo que ainda se dão ao luxo de sequer «ponderar» a questão. Mas, perdoe-se-me desmanchar os prazeres de toda esta gente, a verdade é que estão um pedacinho enganados. O dinheiro, meus caros, não é de Jaime Gama, nem do PS, como dizia a outra. O dinheiro é nosso, dos contribuintes, que não têm de financiar os caprichos dos partidos. O PS decidiu meter uma senhora que vive em Paris nas listas por Lisboa? Pois muito bem, que pague o PS as viagens, ou que as pague a própria. O que não pode acontecer é que os contribuintes, para além de fecharem os olhos aos pára-quedismos, ainda tenham de os financiar. Eu acho muito bem que Inês de Medeiros queira ir ver os trabalhos de casa da filha, acho, mas que não se atropele a lei apenas porque Inês de Medeiros não se lembrou disso antes.